quarta-feira, 20 de agosto de 2008

The end


É sempre triste quando uma fase da nossa vida acabe, mesmo quando acaba pela nossa própria decisão. Acho que é sempre triste mas torna-se mais difícil para pessoas como eu.
Eu sou daquelas pessoas que tem dificuldades de deitar coisas fora, eu olho para o objecto e não consigo deixar de pensar que no futuro poderá tornar-se útil, e depois quando se consegue finalmente deitar fora, fica o peso de não ter a certeza se foi a altura certa de realmente deixar ir. Penso que pessoas como eu têm sempre mais dificuldade de deixar algo para trás, seja uma fase, seja uma pessoa, ou mesmo um objecto.
Por já saber que tenho esta pequena panca, tenho tendência a não aproximar-me de nada nem ninguém, para depois não sofrer quando chegar ao fim, ou quando tiver que tomar a decisão de deixar ir, conseguir mesmo deixar ir.
Um capítulo acabou, e apesar de ter sido minha decisão acabar com ele, custa-me vê-lo acabar, claro que tomei todas as precauções para que depois o fim não custasse muito, por isso estive sempre a “afastar-me ao aproximar-me”, nunca deixei chegar muito perto para não me tornar “dependente”. Mesmo assim custa sempre quando de alguma maneira teve importância, e foi bom.

Já me disseram que eu complico demais, e confesso que em algumas coisas é bem verdade, esta foi uma delas… primeiro que eu conseguisse chegar ao final desta fase, andei a desperdiçar o meu tempo. Em vez de viver ao máximo esta fase andei ocupada com a minha cabecita em acção:
Primeiro vem a dificuldade de tomar uma decisão… o que fazer? Faço X, faço Y? O que é melhor, o que é pior. Mas acabam as duas hipóteses por ter os seus prós e contras e normalmente acabam por ter o mesmo nível…
Depois o momento… qual o momento certo para pôr a decisão em prática? Hum deixo para amanha… não, é melhor deixar para depois de amanha… não, é melhor ficar para a semana…
Depois o como… como vou realizar a decisão X? Faço da maneira delta ou faço da maneira beta? (eu até tenho que ir ao abecedário grego, pois por esta altura já me vejo grega para desenvolver isto…)
Depois a duvida… Fiz bem? Fiz mal? Devia ter esperado? Devia ter tentado tornar o capítulo mais longo? Escrever mais umas frases que pudessem mudar o fim?
E finalmente é viver as consequências que a existência deste capítulo gerou, e esperar que tudo volte ao normal.
(Depois deste a parte e voltando ao assunto inicial)

Só me resta [como diz aquela frase muita famosa “não chores porque acabou, sorri porque aconteceu” (ou qualquer coisa do género)] sorrir ao lembrar dos momentos bons que passei nesta fase, e tentar não lamentar que acabou, pois tal como tudo acontece por uma razão, também tudo acaba por uma razão.